Legado
Em abril, partido deve anunciar os nomes dos candidatos nas eleições de 2022, diz Roberto Cláudio
Nesta quinta-feira (27), o ex-prefeito Roberto Cláudio (PDT) foi entrevistado do programa Informativo Dom Bosco, pela jornalista Jocasta Pimentel. Na pauta, diversas temáticas, dentre elas: impacto da pandemia de Covid-19, cenário político (nacional e local), desafios para o país, eleições 2022 e o futuro político do ex-prefeito Roberto Cláudio.
Acompanhe a entrevista, na íntegra:
JOCASTA: Continuamos enfrentando essa pandemia, inclusive o mundo tem registrado mais de 3 milhões de casos de Covid-19 por dia. É, a gente observa também que as pessoas estão cansadas e a gente vem observando isso. O que a gente pode fazer para derrotar de vez essa situação com a Covid-19?
RC: Já se vão quase dois anos, acho que em março, pelo menos aqui no Ceará, a gente vai fazer dois anos dos primeiros casos de transmissão comunitária já identificados. Então é bastante compreensível que haja um cansaço, uma exaustão das pessoas e inclusive a própria adesão às nossas justas importantes medidas de isolamento de quarentena, tudo isso é bastante compreensível. Entretanto, essa é uma luta que a gente não venceu ainda, o mundo não venceu ainda. E a resposta, eu acho, que mais objetiva, mais clara a todo mundo é que as vacinas têm de fato cumprido papel importante. Bom exemplo disso é a atual transmissão da variante Ômicron, a despeito de ser uma variante com alto poder de transmissibilidade as taxas de mortalidade dela estão bastante abaixo das taxas de mortalidade dos picos epidêmicos de 2020 e 2021. E o papel da vacina, é bom que a gente diga isso, é muita desinformação ou falta de informação as pessoas acham que a vacina é o meio de você não contrair o vírus, na verdade ela não cria uma barreira para o vírus não entrar no seu corpo.
JOCASTA: Inclusive eu vi um comentário ontem nas redes sociais a respeito disso, de uma pessoa que diz: “Ah, tomou as 3 doses de vacina, mas já pegou a doença duas, três vezes e aí como fica isso, né?”
RC: Vou dar um exemplo objetivo pra você: a gripe. A gripe é uma vacina que é dada anualmente, uma vacina contra a gripe e isso não quer dizer que as pessoas não vão adoecer de gripe, porque que a vacina da gripe é dada, é para poder tornar as pessoas que pegam assintomáticas e fazer com que essas pessoas não desenvolvam os sintomas mais graves. É para evitar o agravamento da doença, então tá claro. Hoje os números no mundo demonstram que as vacinas têm efeito importantíssimo de amortecer os sintomas da doença ou mesmo tornar as pessoas assintomáticas. Quantas pessoas das nossas rodas de convivência então dizendo que detectaram positivo, mas não tiveram sintomas ou detectaram positivo e tiveram um dia de sintomas? Bastante diferente da realidade do que aconteceu ano passado e ano retrasado demonstrando a eficiência da vacina. Claro que a maior e melhor resposta é a vacinação, mas é um conjunto de outras medidas, como por exemplo, os recados e cuidados de quem se contaminou. Se quem se contaminou, precisa cumprir as determinações isolamento de quarentena, o uso contínuo de máscara em ambiente de aglomeração, evitar grandes aglomerações, o uso do álcool gel, tudo isso vai nos ajudar até a gente, se Deus permitir, logo logo acabar o enfrentamento da pandemia. Há muitos cientistas dizendo por aí, a gente está tateando no escuro costumo dizer.
JOCASTA: Tudo muito novo, querendo ou não, é tudo muito novo para a ciência.
RC: Jocasta, quem mais errou foi quem quis tomar decisões e conclusões mais definitivas no começo dessa doença, quem quis se antecipar, errou. É uma coisa nova como essa demanda mesmo de cientistas humildade, estudo, um olhar profundo, compreender os dados para tomar as conclusões mais definitivas. Mas tudo indica que é como outros vírus que continuam circulantes, esses vírus para os quais a gente se vacina, sarampo, coqueluche, difteria, alguns desapareceram da nossa circulação, mas isso não quer dizer que a gente não continue tendo que vacinar. Olha, o sarampo, há uns anos atrás eu era prefeito ainda, e teve um pico de sarampo no Brasil e o sarampo estava erradicado. Estava erradicado porque a população estava imunizada em grande parte e não tinha ambiente para poder se alastrar. Na hora que houve uma certa acomodação das taxas de imunização, o vírus viu um ambiente para voltar. Então, é mais ou menos isso que deve acontecer, sair do cenário de pandemia, que é uma epidemia no mundo inteiro para um cenário de endemia, que o vírus continuará no ambiente, mas sob controle e a gente vai, deve ter aí uma imunização anual, pelo menos para alguns grupos populacionais. Tudo indica que esse é o caminho que a ciência e autoridades sanitárias nacionais, estaduais e municipais devem seguir. E aí repito, tudo isso ainda num cenário do que está acontecendo. Não há conclusões ainda definitivas a respeito desse cenário, mas não tenho dúvidas e com fé em Deus que logo, logo terá vencido essa pandemia.
JOCASTA: Roberto a gente também assiste a uma certa briga ideológica, kit covid versus vacina, dividindo a sociedade. O que a gente deve fazer então para melhorar esse cenário de divisão, afastando essa briga política do combate à pandemia?
RC: Interessante que aqui no Brasil nunca houve essa disputa em torno de vacina. Em alguns países até existia, pessoas mais naturalistas, elas são sempre grupos minoritários que faziam uma defesa da não utilização da vacina ou simplesmente optavam por não tomarem vacinas. Repito, grupos sempre grupos muito minoritários que, com o seu comportamento, não conseguiam afetar a imunização coletiva dos países. Mas aqui isso praticamente não se ouvia falar nisso, muito pelo contrário.
JOCASTA: Uma adesão muito grande mesmo, quase que total a vacina.
RC: As vacinas anteriores, inclusive. A nossa geração, você é mais nova do que eu, mas as nossas gerações todas foram vacinadas na infância.
JOCASTA: Caderneta toda carimbada.
RC: Caderneta toda pintada. Era sinal de compromisso dos pais com a saúde dos filhos. E essa realidade não aconteceu no país, infelizmente, como você falou essa coisa de tornar esse assunto político, ele acaba introduzindo um elemento passional e não mais racional ao debate que não é favorável. A gente precisa nesses momentos apostar em quem? Apostar em estuda, em quem é especialista, em quem dedicou a vida a conhecer. Não é uma informação de zap, não é um desconhecido que não é cientista falando qualquer coisa porque tem uma voz impostada que vai mudar as orientações sanitárias ou que pode colocar em cheque o conhecimento acumulado ao longo de toda a humanidade. Então, creio eu que o Brasil a despeito de ter tido aí, ter ainda uma minoria militando contra a ciência e contra o bom senso, e contra mesmo, ao final quem tá fazendo isso tá contra a saúde e contra a vida, a enorme maioria do povo brasileiro aderiu a vacinação. Entendeu as boas mensagens, essa coisa do kit covid, lá atrás no começo, quando a doença era desconhecida os médicos tentarem testar ou fazer protocolos clínicos, obviamente legalmente aprovados, em torno de alguns medicamentos era compreensível porque ninguém sabia o que funcionava. Mas agora a luz da ciência, do mundo, a gente já tendo clareza do que é bom e do que não é bom, e as vezes até do que não é bom e é ruim, não é mais aceitável que esse debate permaneça. Mas eu acho que o tempo é sempre o senhor da razão e o tempo tá tratando de decantar essas coisas e deixando para nós a melhor informação, a melhor ciência, a imprensa tem cumprido um papel muito importante e eu sempre recomendo às pessoas: “Olha, ouça a boa imprensa.” Informação de desconhecido, de zap, de rede social não assinada, sem responsabilidade de quem assina de quem informa é um risco. E quantas pessoas, às vezes, recebem de um filho, de um parente uma informação e passam a confiar pela natureza do emissor da informação. Quantas senhoras eu encontrei que não estavam se vacinando porque receberam de um familiar querido uma informação contra a vacina. Isso não pode ser um parâmetro de decisão sobre a nossa vida e a vida dos outros.
JOCASTA: Falando em boa informação, tem até uma informação que saiu ontem no Estadão, um jornal de circulação nacional, sobre a questão da ocupação de leitos UTI-COVID no Distrito Federal. Que 90% dos pacientes internados eram pessoas que não tinham se vacinado contra a covid ou não tinham completado o esquema vacinal, então assim, como é importante você saber disso. E além do Distrito Federal, outras capitais já demonstram aí essa preocupação com a proximidade da ocupação de leitos já chegando ao seu limite.
RC: Essa informação é fundamental, os dados preliminares do Ceará também indicam isso. Que a enorme maioria das pessoas que complicaram e demandaram um leito de UTI ou mesmo incubação, são pessoas não vacinadas ou pessoas como você disse, deveriam estar com o esquema vacinal completo, mas que por alguma razão não terminaram. Ontem mesmo eu estava com uma pessoa que: “Ah, tomei duas, não vou tomar a terceira não”, e eu disse: “Mas por quê?” Eu tentando convencer de que era fundamental fechar o ciclo de imunização, porque não é que você tomou uma que você está imunizado. Cada vacinação tem sua orientação, a Janssen por exemplo, o ciclo dela são de duas vacinas. Por quê? Porque está estudado que a duas vacinas da Janssen você finaliza o ciclo. Mas a grande maioria das demais, a Pfizer, a própria CoronaVac e todas as outras, o ciclo é de três vacinações para você fechar o ciclo de imunização. Então, é fundamental que essa informação esteja na cabeça das pessoas, principalmente, não só, mas principalmente das pessoas mais velhas e que estão em grupos de risco. Essas são as que precisam mesmo do esquema vacinal completo. Todo mundo precisa, inclusive as crianças precisam. A gente tem que casos, obviamente a minoria, de casos de crianças que se contaminam, mas existem sim casos de crianças que complicam com quadros pulmonares, crianças não imunizadas, que complicam com quadros inflamatórios e pulmonares da própria covid. Então é importante que essa consciência esteja na cabeça de tudo e todos como assunto médico e científico, e não como assunto político. É quase, me perdoe a palavra, criminoso você dar o viés de ideologia ou de política a um assunto que é médico, que trata da vida, da saúde, do cuidado das pessoas.
JOCASTA: Agora deixando mais de lado esse assunto mais voltado a pandemia, vamos falar sobre política de fato. O senhor tá confiante na manutenção da aliança PDT-PT nas eleições deste ano aqui no Ceará?
RC: O esforço do nosso governador Camilo, dos dirigentes do PDT e do senador Cid, André Figueiredo, também de dirigentes do PT, é entender que essa aliança que permitiu a eleição do Cid, oito anos do Cid e oito anos do Camilo, essa aliança foi o ambiente político que deu paz, apoio, harmonia para as realizações que tem acontecido ao longo desse tempo se concretizassem. Então, por acaso estamos com dois ciclos de governos bem avaliados, eu pude sair da prefeitura também com uma boa avaliação graças a essa boa relação prefeitura e governo, então esse ambiente de harmonia foi importante pra gente e é por ele que nós vamos lutar. O fator, obviamente claro, e importante que a gente fale sobre ele é que nós temos candidaturas nacionais distintas. O PDT defende a candidatura, eu pessoalmente sou um entusiasta da candidatura do Ciro para presidente da república e o PT defende a candidatura do Lula.
JOCASTA: É, eu já ia falar sobre isso. É possível fazer campanhas de Ciro e Lula no Ceará sem confrontos?
RC: A gente tem uma experiência passada, quatro anos, que foi a reeleição do Camilo, em que a gente e o PDT apoiou o Ciro para presidente, e nós montamos inclusive o comitê aqui. O senador Cid coordenou e eu fiz parte desse comitê. Viajamos o interior, fizemos campanha em Fortaleza e o PT fez a mesma coisa, montou um palanque, montou um comitê para a candidatura do Haddad. Isso já aconteceu há quatros anos. Então, a tentativa será essa, cada um, no nosso caso, o PDT fazer uma entusiasmada campanha pelo Ciro e o PT certamente fará uma campanha pelo seu candidato, mas a gente tentar aqui no Estado construir essa união política feita com habilidade, com clareza, é importante a gente dê clareza a essas coisas para a população entender e eventualmente apoiar essas ações. Mas me parece claro, por exemplo, se dizia que era bom para Fortaleza ter prefeito e governador de lados opostos. Eu fico querendo saber como é que isso é bom? Fui prefeito de capital, se tiver os dois, um atrapalhando o outro, um querendo fazer o que o outro tá fazendo, duplicando recurso e não otimizando, a gente perde tempo, perde recurso, perde oportunidade. Muito melhor quando a gente tem uma integração de esforços, é claro, quando tem governos e prefeituras com espírito público, com responsabilidade e que se apoiam, que planejam juntos, que somam recursos, um ajudando o outro. A gente catalisa, como se diz na medicina, a gente ganha energia e ganha tempo. A política feita em ambiente de harmonia, para o povo, a gente consegue produzir melhores resultados do que em ambiente de litígio, de brigas, por isso que a gente tá buscando e tentando essa aliança que obviamente o PDT sem abrir mão do seu entusiasmado apoio ao Ciro e o PT certamente apoiando seu candidato a presidente.
JOCASTA: Já temos candidato ao Governo do Ceará? O senhor é algum dos nomes favoritos para disputar a posição?
RC: Não tem uma definição ainda, o governador deu a primeira definição a sair em abril, dia dois de abril, que é o prazo para quem está em cargo eletivo, no caso do próprio governador se desincompatibilizar para eventualmente ser candidato. Há um desejo do PT, um desejo nosso do PDT, de praticamente todos os aliados, que o governador Camilo pela grande aprovação que tem, pelo respeito que tem do povo cearense possa ser senador. Então essa é a primeira decisão, acho que nesse processo, é se o governador vai ou não desincompatibilizar em abril para ser candidato ao senado. A partir daí, creio eu, deverá haver um encontro, o PDT fará os seus encontros e entender qual é o melhor candidato ou a melhor candidata para a circunstância política estadual e nacional. O nome na minha visão é obviamente, eu tenho muito orgulho e felicidade em está aí cogitado como uma das possibilidades. O nome, por incrível que pareça, não é o mais importante, o mais importante são os compromissos de quem sairá candidato. O compromisso de garantir a continuidade dessa política feita responsabilidade com o dinheiro público, com compromisso a educação, com a oportunidade para as pessoas mais vulneráveis e trabalhando em ambiente de harmonia com os poderes legislativo, judiciário, com a população sendo ouvida, inclusive quando reclama, quando reivindica, tendo espaço democrático para fazê-lo. Eu acho que o mais importante é o que sairá dessa aliança e o candidato que vai representar essa aliança tem que ter compromisso com essas coisas. Então, creio eu que esse debate começará a partir dessa decisão ou não do governador, e a partir daí, os partidos devem se reunir e chegar ao nome do homem ou da mulher que melhor representa o Ceará mais precisa nesse momento que é se manter como estado hoje respeitado, em muitas áreas ser referência e luz para outros estados brasileiros.