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Educação

CE e as ocorrências de cobalto não exploradas no Brasil, matéria-prima para indústria de carros elétricos

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Foto: Victor Braga

Matéria-prima com grande risco de esgotamento, o cobalto está cada vez mais demandado no mundo por ser essencial à fabricação de baterias de carros elétricos, item em alta na indústria automobilística. Estudo publicado recentemente por pesquisadores da UFC revela que o Brasil possui um grande potencial ainda não explorado desse minério, e o Ceará poderá ser o principal beneficiado com esse crescente mercado.

Os pesquisadores utilizaram uma técnica estatística chamada Análise de Componentes Principais (PCA) para identificar padrões de enriquecimento de cobalto em depósitos de manganês do período paleoproterozóico (que data de 2,2 bilhões a 1,6 bilhão de anos atrás). Com isso, descobriram que grandes depósitos de manganês no Brasil e na África são também fontes de cobalto. Em território brasileiro, foram identificados cinco depósitos, sendo o de Lagoa do Riacho, localizado no município cearense de Ocara, o que apresentou as maiores concentrações médias do minério.

“O depósito de Lagoa do Riacho mostrou concentrações que merecem atenção do ponto de vista exploratório”, aponta o professor Felipe Holanda dos Santos, do Departamento de Geologia da UFC e um dos responsáveis pelo estudo. “Embora ainda sejam necessários estudos de viabilidade técnica e econômica, os resultados são promissores e colocam o Estado do Ceará em posição estratégica para futuras iniciativas voltadas à cadeia de produção de baterias e tecnologias limpas”, complementa.

Na contramão da pulsante demanda por carros elétricos, o cobalto é hoje considerado um “mineral crítico”, por ser economicamente essencial, mas possuir um alto risco de esgotamento. No Brasil, a produção de cobalto está associada à extração de níquel. Contudo, devido à baixa cotação do níquel no mercado, a atividade mineradora nacional se encontra paralisada desde 2016.

Evilarde Carvalho Uchôa Filho, doutorando em Geologia pela UFC sob orientação do professor Felipe Holanda, destaca: “Nosso estudo sugere que o cobalto pode ser explorado como um subproduto da mineração de manganês em depósitos antigos. Isso pode ser uma alternativa promissora, já que não depende da mineração de níquel, que enfrenta dificuldades atualmente”, vislumbra o pesquisador, que também é autor do estudo.

De acordo com ele, o crescimento do mercado de carros elétricos pode incentivar o investimento em novas formas de exploração, como a proposta no estudo. “Além de aproveitar os depósitos de manganês já existentes, a rota que propomos ainda evita a dependência de fontes externas”, acrescenta.