Economia
Internacionalização do patrimônio cresce como estratégia de proteção e sucessão
A instabilidade econômica e política no Brasil, somada à alta carga tributária e à morosidade dos inventários, tem levado empresários e famílias a buscar alternativas sólidas para preservar o patrimônio construído ao longo de anos. Nesse cenário, a internacionalização deixou de ser apenas tendência e se consolidou como estratégia eficaz de diversificação, proteção patrimonial e organização sucessória.
No País, os principais pontos de atenção envolvem riscos de execuções trabalhistas, fiscais ou empresariais, capazes de comprometer todo um legado, além dos inventários demorados e custosos, que frequentemente expõem bens familiares a litígios. A transferência de parte dos ativos para o exterior traz vantagens como a proteção contra riscos locais, a diversificação cambial e a sucessão mais eficiente.
Entre os instrumentos mais utilizados estão as holdings internacionais, que centralizam a gestão de investimentos, imóveis e participações; os trusts internacionais, que garantem sucessão planejada e maior proteção contra litígios; e as fundações privadas, ideais para famílias que desejam preservar e administrar patrimônio com regras claras e de longo prazo.
Jean Machado, sócio da Machados Advogados Associados, explica que a internacionalização, quando realizada dentro da legalidade, é uma ferramenta legítima e cada vez mais buscada. “Ao contrário do que muitos pensam, não se trata de evasão ou ocultação. Quando devidamente declarada, a internacionalização segue normas de compliance e acordos internacionais de transparência, oferecendo segurança e previsibilidade”, afirma.
Segundo ele, os custos e modelos variam de acordo com a complexidade de cada caso. “Há soluções mais simples, como a abertura de empresas no exterior, e outras mais robustas, como trusts e fundações. O importante é que sejam estruturadas com transparência, substância e governança”, detalha.
Para o jurista, a internacionalização deve ser encarada como um investimento estratégico. “Ela garante não apenas proteção contra as incertezas locais, mas também liberdade para expandir negócios globalmente, transformando o esforço de uma vida em um legado seguro para as próximas gerações”, ressalta.