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Ceará

Fortaleza sedia Encontro Internacional para Sustentabilidade da Cadeia de Valor da Carnaúba

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Nos dias 17 e 18 de setembro de 2024, Fortaleza sediará o 2º Encontro Internacional Diálogos
Pró-Carnaúba, um evento crucial para discutir os desafios e avanços da cadeia de valor da
carnaúba, essencial para a economia do Nordeste e indústrias globais. O Encontro espera reunir 120 participantes, incluindo representantes de trabalhadores extrativistas, produtores rurais, industriais do setor, ONGs, órgãos públicos, academia e empresas que utilizam a cera de carnaúba na composição de seus produtos, como Natura, L’Oréal e Weleda, por exemplo. O evento será um espaço de articulação técnica e política, onde a troca de experiências e o debate entre os diversos atores da cadeia resultará na formulação de ações concretas para enfrentar os desafios do setor, como sustentabilidade, trabalho digno e inovação. Também está prevista a participação de empresas.

Erik Ferraz, da OIT Brasil, fala sobre a expectativa de um avanço mais estruturado para a
cadeia. “Minha expectativa é que saiamos deste evento com um grupo mais comprometido
para avançar rumo à criação de uma secretaria executiva do Diálogos da Carnaúba, para que
possamos trabalhar de forma mais orgânica e estruturada. Esse é um processo que não
acontece da noite para o dia, mas que precisa começar para que, daqui a cinco anos,
possamos olhar para trás e ver o quanto avançamos, principalmente nas questões de trabalho
decente”, salienta o oficial de projetos da OIT Brasil.


Porquê do evento e os desafios sociais e ambientais da cadeia
O evento é promovido pela Cooperação Brasil-Alemanha para o Desenvolvimento
Sustentável (GIZ), a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a União para o
BioComércio Ético (UEBT), o Projeto ArticulaFito, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e o
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) e a Iniciativa Carnaúba
Responsável (IRC), e busca promover a sustentabilidade, a justiça social e a inovação na
cadeia produtiva da carnaúba, palmeira brasileira e recurso vital para a economia do Brasil,
que gera milhões em exportações anuais, reunindo diversos atores para enfrentar desafios
ambientais e trabalhistas.

Serão debatidos temas como estratégias para a promoção de um ambiente de negócios
sustentável e inclusivo em todos os elos da cadeia, com especial atenção às comunidades
extrativistas e produtores rurais, como promover ações sociais e culturais, como intercâmbios
e feiras, para integrar os elos da cadeia e valorizar o trabalho dos extrativistas. Além disso, o
evento ainda debaterá como desenvolver e aplicar tecnologias sociais que melhorem a
qualidade de vida das comunidades extrativistas, preservando seus modos de vida e
promovendo sua sustentabilidade. No evento, será formalizada a criação da Rede Diálogos
Pró-Carnaúba, pensada como uma plataforma multissetorial de diálogo e cooperação voltada
à promoção de práticas sustentáveis na cadeia produtiva da carnaúba. Dentre as marcas
internacionais convidadas estão empresas do setor de cosméticos, higiene pessoal, beleza e
alimentos, dentre outros.

Segundo Rik Kutsch Lojenga, Diretor Executivo da UEBT, a colheita da carnaúba enfrenta
importantes desafios sociais e ambientais, como questões de saúde e segurança para os
trabalhadores que realizam a coleta nas florestas, ameaças à biodiversidade local, condições
de trabalho precárias e até a ocorrência de menores envolvidos no trabalho. “Diante desses
desafios, é crucial reunir compradores e processadores de cera de carnaúba. Essas
empresas precisam estar comprometidas em promover melhorias no setor, adquirindo cera
de processadores locais que atendam aos critérios da IRC, incluindo a verificação
independente de conformidade com padrões internacionalmente reconhecidos”, destaca Rik.
Ele afirma ainda que, apesar das dificuldades, existe a convicção de que a união dos esforços
pode melhorar significativamente as condições para os trabalhadores e a biodiversidade. “Por
isso, na UEBT, estamos convocando todas as empresas que compram carnaúba, assim como
os processadores de cera no Brasil, a se unirem à Iniciativa para a Carnaúba Responsável e
a se comprometerem a enfrentar os desafios do setor de forma colaborativa”, reforça Rik.


A carnaúba e sua importância mundial

A carnaúba (Copernicia prunifera), também chamada de carnaubeira ou carnaíba, é uma
palmeira endêmica do semiárido da região Nordeste do Brasil, conhecida como a “árvore da
vida”, devido aos inúmeros usos que oferece às pessoas. Além de ser a árvore-símbolo dos
estados do Ceará e Piauí, a carnaúba desempenha um papel essencial na economia global,
já que a cera da carnaúba entra na composição de inúmeros produtos..Do pó da carnaúba é
extraída a cera, amplamente utilizada em indústrias como a de cosméticos, alimentos,
farmacêutica e automobilística. Além disso, todo o resto é aproveitado, por isso mesmo, a
carnaúba é conhecida como árvore da vida.

Em 2022, por exemplo, o Nordeste produziu 645 toneladas de cera, 18.541 toneladas de
pó e 1.490 toneladas de fibra de carnaúba, totalizando R$280 milhões. O Brasil se
consolidou como o maior exportador mundial de cera de carnaúba, comercializando
cerca de 88,7 milhões de dólares neste ano, embora tenha registrado uma redução de 19,5%
em relação ao ano anterior.

Bruno Filizola, assessor técnico na GIZ Brasil, instituição que atua em mais de 30 projetos
no país em áreas como bioeconomia e cadeias agrícolas, explica que a Alemanha, sendo um
dos principais consumidores de cera de carnaúba, possui uma legislação de devida diligência
rigorosa. “Essa legislação, que também é aplicada na União Europeia, exige que as empresas
sejam responsabilizadas pela sustentabilidade em toda a cadeia produtiva, desde a origem
até o consumo final, garantindo que as cadeias estejam livres de desmatamento e violações
de direitos humanos”, explica.

Para Bruno, “os produtos adquiridos pela Alemanha, por exemplo, e utilizados em sua
indústria, recebem grande atenção para que boas práticas sejam implementadas em todas
as etapas da cadeia de valor. A carnaúba é uma dessas cadeias importantes, sendo a
Alemanha um dos maiores consumidores de sua cera. Além disso, a carnaúba está
diretamente relacionada a temas cruciais da cooperação, como mudança climática, geração
de renda e conservação sustentável da biodiversidade, tornando-se relevante para nossas
ações de cooperação internacional”.


Os desafios da cadeia

Apesar de sua importância econômica, a cadeia produtiva enfrenta desafios significativos,
como condições de trabalho precárias, impacto ambiental e falta de tecnologias adaptativas.
A produção da cera, pó e fibra de carnaúba envolve extrativistas, agricultores e trabalhadores,
que lidam com situações de trabalho análogo à escravidão e outros problemas trabalhistas.
Esses desafios exigem o engajamento de diferentes setores da sociedade para garantir a
sustentabilidade e rastreabilidade dos produtos da carnaúba. Empresas do setor têm buscado
por produtos sustentáveis, garantindo direitos humanos, preços justos e qualidade.
Moisés Savian, Secretário de Governança Fundiária, Desenvolvimento Territorial e
Socioambiental do MDA, lembra que “o Brasil é o maior exportador da cera de carnaúba
no mundo. Só em 2022 movimentou quase 90 milhões de dólares, de acordo com a
plataforma Tridge. Esse é um potencial imenso, mas que ainda precisa dar oportunidades
para os pequenos, para melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida de
extrativistas e agricultores familiares da base produtiva”.

Buscar soluções estratégicas, especialmente por meio de espaços de diálogos, é chave para
a estruturação de uma cadeia mais justa e próspera. : “Nosso objetivo é superar esses
gargalos e construir relações justas e equitativas, com a repartição de benefícios entre todos.
Nesse sentido, uma ação estratégica é estabelecer uma política de preço mínimo para a
carnaúba – uma das pautas deste importante evento”, destaca Moisés.

Valber Frutuoso, coordenador-geral do ArticulaFito e Assessor de Relações
Institucionais da Presidência da Fiocruz, reforça a necessidade de inclusão social na
cadeia produtiva da carnaúba. “Dentre os principais gargalos identificados estão a saúde e a
segurança dos trabalhadores extrativistas, condições inegociáveis na perspectiva da garantia
dos direitos humanos. Nosso objetivo agora é, junto aos parceiros da rede Diálogos PróCarnaúba, promover a inclusão socioprodutiva desses atores, com vistas ao enfrentamento
dos condicionantes sociais, econômicos e ambientais da saúde nesse contexto”, frisa Valber.


Serviço:
2º Encontro Internacional Diálogos Pró-Carnaúba
Data: 17 e 18 de setembro de 2024
Local: Hotel Mareiro, Av. Beira Mar, 2380 – Meireles, Fortaleza-CE

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